segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Alentejo


A relação de posse, de identidade, de pertença, não é, ainda hoje, muito clara para mim. Possuímos uma casa, um carro, um amigo, um amor, mas sempre a termo. No fundo é como se fizéssemos um leasing, sabendo de antemão que no final ou mantemos ou terá outro dono. Dizem também que há sítios onde criamos raízes. Então eu, alfacinha de gema, nascido e criado em Lisboa, deveria encontrar as minhas raízes por Lisboa verdade? Falso!.. Não me sinto minimamente atraído a esta cidade que é linda, sem dúvida, mas à qual não pertenço. Todo o homem tem um sitio com o qual se identifica, o meu sitio é o Alentejo, terra aonde nasceu o meu pai, onde passei parte da minha infância, numa pequena vila (do concelho de Avis, distrito de Portalegre), onde o meu avô tinha uma quinta, cujos limites a vista não conseguia alcançar, nem tão-pouco a imaginação. Foi vendida após a sua morte, mas será eternamente nossa, tal como as recordações. Espero um dia ter o valor em dinheiro necessário para a recuperar, porque o valor afectivo ninguém pode tirar.
O meu fim de semana prolongado no Alentejo fez-me recordar tudo isto e muito mais..
E no fundo a verdade: Nós não temos nada, nada nos pertence, assim como nós não pertencemos a nada nem a ninguém.


"É praia, é serra, são planícies sem fim. É cortiça, é azeite, é vinho – e muito espaço deixado aberto à natureza simples, alecrim e rosmaninho. É cartola de mágico, a todo o instante explorada: dela saem tapetes, chocalhos, petiscos. Nela cabem humor, paciência, bonomia; e tanta sageza que, tão bem trabalhada, prende amantes e incautos nas malhas de uma filosofia dormente e não isenta de risco. É uma saudade sem dor, um sentimento que traz a cada dia esforçado um secreto sabor, a sensação inebriante de que, bem perto de nós, é possível encontrar o paraíso perdido. À vista de todos, o Alentejo é cofre fechado com chave no coração. "

In visitalentejo.com


2 comentários:

marta* disse...

sê bem vindo à blogosfera :)

baci...

Aninhas disse...

Gosto como escreves...
Mas isso tb n é uma novidade. Beijo